quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Imprensa:

«Meditações do OSHO

Olhar para dentro de nós

Depois de terem vivido na comunidade de Osho, na Índia, Nartan e Harida encontraram no Alentejo um espaço onde o silêncio e a natureza casam na perfeição. A vontade de desenvolver as meditações activas de Osho que experienciaram na Índia, fez com que o casal transportasse a energia que lá absorveram. Em busca da paz e do silêncio – um silêncio que, segundo Osho, soa tão alto como a música – até conseguimos olhar para dentro de nós próprios.

Texto Ana Carina Simões
Foto Marco Brito


Nos últimos tempos, têm sido publicados em Portugal muitos livros do Osho. Podemos vê-los nas livrarias, até mesmo nos aeroportos ou nas estações de serviço. As pessoas têm-se mostrado interessadas nesse trabalho. Qual é a vossa experiência neste sentido?
Sim, temo-nos surpreendido com a quantidade de pessoas que conhecem os livros de Osho e que ficam interessadas nas suas meditações e querem conhecer como é que foi para nós viver na sua presença.

Estiveram envolvidos com Osho durante quanto tempo?
Nós fomos para a Índia em 1978/79 e ficámos na comunidade de Osho, em Puna, durante alguns anos. A nossa vida, naquela altura, estava focada na meditação. Osho dava palestras durante as manhãs e darshans à noite.
Toda a comunidade (naquele tempo, eram cerca de 5000 pessoas de todo o mundo), sentava-se em silêncio durante aquelas horas, enquanto ele respondia às nossas questões sobre meditação e assuntos espirituais.
Para nós, esses encontros eram a parte mais importante do dia. A comunidade fez parte da nossa meditação. Fazíamos as meditações activas de Osho e começávamos o dia com a Dinâmica, provavelmente a mais transformadora que ele criou.

Que tipo de meditação é a meditação Dinâmica?
Osho costumava dizer que queria trazer a meditação para o século XX. O homem moderno de hoje não é capaz de se sentar em silêncio. As pessoas costumavam estar mais ligadas ao seu corpo, viviam do coração. Hoje em dia, a nossa energia deslocou-se em grande parte para a mente, estamos demasiado ocupados, é difícil relaxar. A meditação Dinâmica é muito física – inclui respirações fortes irregulares, que ajudam a libertar a tensão acumulada nos nossos corpos, e ajudam à expressão destas emoções reprimidas.
Nos primeiros dias de meditação, a pessoa pode sentir algum cansaço muscular, mas depois torna-se bastante libertador e rejuvenesce.

Neste momento, estão a promover retiros de meditação do Osho no vosso espaço?
Nós começámos com estes retiros no Verão passado, algo que sempre quisemos fazer, desde que nos mudámos para a nossa casa em Portugal, em 1999. O local é ideal – são 30 hectares de natureza virgem, nas colinas do Alentejo, sem vizinhança próxima – um espaço íntimo bastante protegido. Para nós, desenvolver estas actividades traz-nos a mesma energia que experienciámos quando vivemos na comunidade Osho. É bastante saudável. Quando toda a gente se liberta para as meditações, cria-se uma grande abertura, uma grande energia curativa, uma grande ligação com o próprio e com os outros.

Como são esses retiros?
Durante os retiros de três dias fazemos cerca de seis meditações activas de Osho por dia. Fazemos algumas meditações todos os dias, como a Dinâmica, a Kundalini, e a Nadabrahma. Outras, fazemos só uma vez durante o retiro, para que possamos introduzir diferentes técnicas, permitindo assim que a pessoa possa continuar em casa aquelas que acha mais adequadas para si. Normalmente fazemos um Satsang de manhã, uma comunhão com o mestre, meditação com música era o mais parecido com o silêncio e usava-a para nos levar até à meditação.
Os retiros são uma excelente aproximação para estas técnicas e uma excelente experiência para as pessoas meditarem em conjunto. O nosso princípio é simples: fazemos meditações num espaço ao ar livre, onde podemos estar tão perto da natureza, que se torna muito fácil olharmos para dentro de nós.

Quem costuma frequentar estes retiros?
A maioria das pessoas leu alguns livros sobre Osho e fica curiosa em relação à meditação. Outros viveram com Osho e querem aprofundar a sua meditação neste espaço silencioso. Vêm pessoas de todas as idades – dos 20 aos 70 anos. Quando uma pessoa se permite a si mesmo ser aberta, a idade não importa. Todos nós temos experiências diferentes, com 50 anos, provavelmente já acumulámos mais tensão nos nossos corpos, do que com 20. Mas independentemente da idade, todos sentem a mesma alegria quando a tensão é libertada.

Como é o feedback dos participantes?
Sentem-se mais centrados, mais vivos, mais apaixonados com eles próprios. Alguém disse sentir um grande alívio por se ter libertado das suas máscaras, estando num espaço onde pode ser ele próprio – “Não sabia que a meditação era tão alegre”.

Para se estar apto a participar; é necessário saber alguma coisa sobre meditação?
Não. Essa é uma das grandes particularidades destas meditações activas – qualquer pessoa pode praticá-las, uma vez que não é preciso aprender posturas difíceis. A única coisa que é necessária é que as pessoas participem por inteiro, mesmo que sejam cépticas. Se experimentarem as diferentes técnicas ao longo de três dias, a pessoa experiencia um espaço de silêncio, há uma mudança na sua energia. Estamos habituados a olhar para fora – aqui, é o princípio para olharmos para dentro.»

Revista Natural, Agosto de 2007

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